Após 17 dias de uma forte greve, os trabalhadores dos Correios retornaram ao trabalho nesta segunda-feira (9), após aprovarem a proposta apresentada pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) na audiência de conciliação realizada no último dia 4.
O sentimento na categoria é de certeza de ter feito uma grande luta, enfrentando todo tipo de truculência por parte da direção da empresa, TST e do governo Temer. A proposta apresentada pelo tribunal foi a reposição integral da inflação com base no INPC de 2,07%, retroativo a agosto, e reedição integral do acordo coletivo.
Na base dos sindicatos filiados à Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) a greve durou 17 dias. O governo, através do TST, e a direção da empresa tentaram de todas as formas intimidar os grevistas. Primeiro mandaram descontar sete dias de paralisação do salário de setembro, pago em outubro. Depois, o TST concedeu uma liminar, declarando a abusividade da greve, sendo que anteriormente já tinha dado outra liminar, determinando que os setores mantivessem 80% do efetivo trabalhando.
Porém, todas estas medidas não foram suficientes para derrotar a categoria que se manteve firme e enfrentou a empresa, o TST e governo. Foi essa determinação que fez o próprio ministro do TST Emanuel Pereira, ao final de 17 dias, se contradizer nas suas posições e apresentar a proposta que os trabalhadores aceitaram.
“A direção da empresa e o governo entraram nesta campanha com objetivo de tirar direitos dos trabalhadores dos Correios, para que a empresa seja enxugada e depois entregue à iniciativa privada. Mas a determinação da categoria de lutar contra a privatização e pelos seus direitos fez empresa e o governo recuarem”, avalia o dirigente da Oposição dos Correios na Fentect e integrante da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Geraldinho Rodrigues.
Geraldinho destacou ainda que, infelizmente, a categoria também teve outro adversário nesta luta. A CTB, que dirige os maiores sindicatos da categoria, em São Paulo e no Rio de Janeiro, por meio da Findect (Federação Interestadual), fez o jogo do governo e da empresa ao não unificar com os demais sindicatos uma data única para iniciar a greve. “Mas a força da greve nas demais bases e a pressão na própria base da CTB os forçou também a entrar na paralisação, e que mesmo tardia elevou o patamar da luta, forçando a empresa e governo recuarem do pacote de ataques”, disse.
O dirigente salienta também que a luta vai continuar. “A categoria saiu desta greve consciente de que esta guerra ainda não acabou. Se, por um lado, garantimos todas as cláusulas sociais do atual acordo, há uma que em breve voltará a ser pautada. É a cláusula referente ao nosso plano de saúde, que continuará sendo discutida no TST junto com os trabalhadores e a empresa. Ou seja, a nossa luta para não pagar a mensalidade do plano de saúde vai com certeza escrever outro capítulo nesta luta. Por isso, mais do que nunca, precisamos fortalecer cada vez mais o coro dos trabalhadores contra a privatização e pelo Fora Campos e o fora Temer!”, concluiu.