Histórico da opressão e o papel do feminismo na luta das mulheres abre o Seminário Gênero, Raça e Classe

Foram as mulheres que deram início aos debates do Seminário Gênero, Raça e Classe neste 8 de março. A persistente desproporcionalidade salarial das mulheres em relação aos homens, que sempre favorece aos homens, a dificuldade do acesso e permanência delas nas universidades, a herança escravocrata e patriarcal de dominação sexual, principalmente sobre a mulher negra e a despolarização dos feminismos existentes em prol de uma luta comum foram pontos da discussão na primeira manhã de atividades.

A professora da UFMT, Qelli Rocha, abriu os trabalhos da mesa “Mulheres, Raça e Emancipação numa sociedade classista” apontando a relação da situação atual da exploração, expropriação e dominação vivida pelas mulheres inclusive com a origem escravista da sociedade brasileira. O sistema capitalista, intrinsecamente patriarcal, nunca será capaz de atender a todas as mulheres em suas particularidades.

Qelli também condenou a cisão da classe trabalhadora e o engajamento de indivíduos na militância sem a consciência de classe. Destacou que para o capital a emancipação da mulher representa perigo e que o conservadorismo “veio para barrar o avançar das mulheres”. A professora enfatizou que “o gênero não nos une” e que se faz necessária a desfragmentação do movimento feminista, ou seja, a junção das bandeiras de luta de todas as mulheres da classe trabalhadora.

Intervenção cultural antecedeu a mesa.

A docente da Uesb, Núbia Regina, ressaltou que o ambiente doméstico é o espaço mais opressor para as mulheres e que a “casa é uma comunidade que todos devem cuidar”. Como mulher e mãe negra, a palestrante definiu a escravidão como o “condutor da opressão” e da cultura do estupro.

Núbia criticou a divisão das lutas no meio da classe trabalhadora, e especialmente, “a diferenciação entre o feminismo negro e o ocidental, pois, isso impossibilita a solidariedade na construção de uma experiência comum”. A docente finaliza propondo “a construção de um feminismo sem fronteiras” que aproxima o feminismo acadêmico com a realidade global para a efetiva participação das mulheres na vida pública.