55º Encontro da Regional do Andes debate participação das mulheres nas direções sindicais
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“Por maior participação das Mulheres no Sindicato Nacional: Paridade na Direção Nacional” foi o tema da segunda mesa de debates do 55º Encontro da Regional NE III do Andes-SN. O evento aconteceu na sede da Adusb, em Vitória da Conquista, na última sexta-feira (8).

Confira as fotos do 55º Encontro da Regional NE III.

A palestrante Élida Franco, doutoranda em Sociologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), afirmou que a sua “pesquisa acadêmica sobre a atuação das mulheres na Central Única dos Trabalhadores (CUT) apontou que, apesar de haver uma cota para mulheres na direção, nos últimos 30 anos nenhuma mulher exerceu cargo de presidente, tesoureira ou secretária geral, ficando somente com cargos periféricos”. O que a levou a perguntar “onde estão as mulheres?”.

O recente ingresso das mulheres no ensino superior, a dupla jornada de trabalho, responsabilização pelo trabalho doméstico, precariedade enfrentada no mercado de trabalho, a desigualdade de remuneração, foram apontados por Élida como elementos que indicam a necessidade urgente de discussão de políticas de paridade para a atuação das mulheres nas direções de espaços políticos e sociais.

Sandra Ramos, integrante do Grupo de Trabalho de Políticas de Classe, Etnicoraciais, Gênero e Diversidade Sexual da Adusb, destacou que a nossa sociedade, patriarcal, responsabiliza exclusivamente a mulher pelos cuidados de filhos e filhas. Assim, quando a mulher busca desenvolver atividades profissionais, políticas ou sindicais fora de casa, entra em ação o discurso machista de “culpabilização da mulher por deixar os filhos em casa”. Este é outro fator que afasta as mulheres dos espaços de discussão. No contexto de representatividade política as mulheres são apenas 14% e trabalham em média de 5 a 7 horas a mais que os homens.

Na avaliação da docente, somente exigir paridade na representação das mulheres nas diretorias dos sindicatos não resolverá um problema complexo como esse. Políticas como as de paridade devem fazer parte de um conjunto de ações promovidas pelas entidades, que aproximem as mulheres dos debates políticos no espaço sindical. A criação de políticas de equivalência de condições para as mulheres, como espaços infantis, auxílios creche e de deslocamento, entre outras, são necessárias para que seja possível superar o círculo vicioso da restrição feminina ao matrimônio, ao cuidado das crianças e ao ambiente doméstico. É preciso avançar na conquista de espaço e da representatividade que foi negada às mulheres pelo patriarcado e pelo capitalismo.