Professores da rede municipal de Vitória da Conquista entram em greve
Assembleia do SIMMP de 18 de julho de 2018 | Foto: SIMMP

Em assembleia na última quarta-feira, dia 18 de julho, os professores da rede municipal de Vitória da Conquista aprovaram paralisação de suas atividades por tempo indeterminado. A decisão foi tomada após várias tentativas de diálogo sem sucesso com o governo municipal. No sábado, 21, a categoria realizou uma panfletagem na Central de Abastecimento (Ceasa) para esclarecer à população os motivos da paralisação. A diretoria da Adusb manifesta seu apoio à categoria em luta por seus direitos e repudia o ato antissindical da Prefeitura, que tenta coibir manifestações de trabalhadores.

Cerca de 1.700 professores, por volta de 60% do total de docentes, atuam na rede municipal de ensino e são remunerados pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Em janeiro, o Ministério da Educação reajustou o FUNDEB do município em 6,81%, porém esse aumento não foi repassado à categoria, que em março protocolou a pauta da campanha salarial reivindicando o repasse.

Após paralisações e a não aceitação do reajuste oferecido pela prefeitura de 2,7%, muito menor do que o repassado pelo MEC, a greve foi aprovada e teve início no dia 21 de julho. Ana Cristina Silva Novais, presidente do Sindicato do Magistério Sindical Público de Vitória da Conquista (SIMMP), declara, “ a greve é principalmente pela não perda de direitos”.

A principal reivindicação é o respeito à tabela salarial da categoria, em que determina reajuste igual para todos. Ana Cristina explica, “a quebra de tabela aconteceu quando o governo, no início do ano, repassou para apenas 11 professores o reajuste de 6,81 % do MEC e os demais não receberam nada”.

A aprovação do plano de carreira para cerca de 400 monitores, que atuam na regência em salas de 2 e 3 anos, é outra pauta da luta.  O sindicato exige o reconhecimento dos profissionais através da alocação desses para a folha de pagamento da Secretaria de Educação, piso salarial e formação adequada.

Ato antissindical da Prefeitura

A Secretaria Municipal de Administração publicou ofício na sexta-feira, 19, em que informa que ocorrerão possíveis punições aos servidores públicos do sindicato apoiadores da greve se promoverem manifestações de apreço ou desapreço em qualquer um dos recintos das repartições públicas do município de Vitória da Conquista.

Veja o ofício.

O vice-presidente do SIMMP, Davino Nascimento, declara, “o direito de ir e vir a uma categoria que está em greve é garantido na Constituição Federal”. A presidente Ana Cristina também ressaltou que “a administração colocou o professor como grande vilão, porém o que se verifica é uma falta de vontade dessa administração em valorizar o servidor”.

A postura da administração municipal é inadmissível na avaliação do presidente da Adusb, Sérgio Barroso. “Demonstra total desrespeito aos direitos de greve e de manifestação, ameaçando os trabalhadores com punição por estarem em greve”, afirma o dirigente sindical. O docente também ressaltou que o respeito da Prefeitura à educação fica apenas no discurso, pois “respeito na prática se demonstra valorizando os profissionais com remuneração digna. A prefeitura recebe repasses federais para garantir essa política de valorização, mas quer utilizá-los para outras finalidades?”.

A diretoria da Adusb manifesta seu total apoio aos trabalhadores e trabalhadoras do magistério municipal na sua luta por justa remuneração para toda a categoria, e repudia a postura autoritária e ilegal da gestão municipal.