Audiência pública em Itapetinga aponta necessidade de mobilização em defesa da Uesb

A Câmara de Vereadores de Itapetinga discutiu a situação atual da Uesb nesta terça-feira (27). O debate foi realizado por iniciativa do vereador Fabiano Bahia e contou com a participação do presidente da Adusb, Sérgio Barroso, do reitor, Luiz Otávio de Magalhães, além de Pró-Reitores da Universidade. Ficou nítida a contribuição da Uesb no desenvolvimento econômico e social da região sudoeste, bem como a crise orçamentária enfrentada pela Instituição imposta pelo governo da Bahia. A Adusb e os representantes institucionais da Uesb reivindicaram que a população e o poder público de Itapetinga se mobilizem em defesa da Universidade.

O reitor Luiz Otávio apresentou argumentos que desmistificaram a ideia de que a universidade pública é cara, tendo em vista que o desenvolvimento da ciência e tecnologia é tarefa estratégica de qualquer país que pense com seriedade o futuro de sua população. De acordo com o gestor, as universidades públicas tem absoluto destaque na realização da pesquisa e na produção do conhecimento científico no Brasil. Entretanto, os investimentos estão sendo cortados drasticamente. A situação é contraditória, pois “a universidade desempenha um papel que é intransferível, que é só ela. Não tem outra instituição que tenha a capacidade de desenvolvimento, de ciência, de tecnologia, de transformação na vida de pessoas de impacto como a universidade”, afirmou Luiz Otávio.  

“As Universidades Estaduais da Bahia são patrimônio do povo baiano, formando milhões de jovens nestes 50 anos. São elementos que a gente não consegue quantificar em dinheiro. Infelizmente, apesar desse papel tão importante, o governo estadual, especialmente o de Rui Costa tem implementado uma série de políticas de desmonte dessas universidades”, declarou Sérgio Barroso, presidente da Adusb. A denúncia dos cortes e contingenciamentos de verbas, do congelamento salarial de quase quatro anos, do desrespeito aos direitos trabalhistas e da precariedade das políticas de permanência estudantil foi a tônica da intervenção do presidente da Adusb.

Barroso apontou as perdas no orçamento de investimento manutenção de custeio das Universidades Estaduais, que ultrapassam os R$ 200 milhões nos últimos cinco anos. Apontou a fragilidade do discurso governamental de aumento do orçamento das universidades, que usa o crescimento vegetativo do orçamento de pessoal para tentar justificar seu argumento.

Destacou também que com o corte dos recursos federais do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAEST), a precariedade das ações de permanência estudantil na Uesb se acentuou. Criticou ainda o Mais Futuro, pois por se tratar de um programa baseado numa premissa meritocrática equivocada, obriga o estudante a trabalhar, no momento em que deveria estar estudando.

O presidente solicitou também apoio dos vereadores nos diálogos na Assembleia Legislativa da Bahia para aprovação da emenda à Lei Orçamentária de 2019, protocolada pelo Fórum das ADs, que amplia o orçamento das Universidades Estaduais da Bahia para 7% da receita líquida de impostos.

Foram apresentados dados do retorno social e econômico da Uesb ao sudoeste da Bahia. O Pró-reitor de Graduação, Reginaldo Pereira, chamou atenção do plenário sobre o amplo número de profissionais formados pela Uesb que hoje trabalham em Itapetinga. Dimas Santos, Assessor Acadêmico e Administrativo da Uesb campus de Itapetinga, destacou o crescimento da Uesb junto com a cidade nestes 36 anos, defendeu ainda que “devemos ter um sentido de pertencimento” para lutar pela universidade. A necessidade de abrir canais de diálogo com a população sobre a crise enfrentada pela Uesb foi apontada pelo Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Robério Rodrigues.

Edilson Batista, vice-presidente regional da Adusb em Itapetinga, se mostrou preocupado com a crise orçamentária da Uesb e questionou “qual perspectiva dos jovens da periferia de Itapetinga que concluem o ensino médio” sem a possibilidade de cursar uma universidade pública na cidade? A professora Soraya Adorno também acredita que é necessária preocupação com o futuro das pessoas da região que necessitam da presença da Uesb para se formarem.

Uma crítica veemente à ausência da maior parte dos vereadores e do prefeito na audiência foi feita pela estudante de pedagogia da Uesb, Caroline Santos, que também lembrou o papel da luta na conquista de direitos, de melhores condições de trabalho e estudo.

“Estivemos em todas as lutas da cidade por uma melhoria da qualidade de vida; por redução das desigualdades sociais; por uma cidade mais livre, mais democrática, nós estivemos presentes. Agora chegou a hora da cidade de Itapetinga comprar nossa luta. A nossa luta que não é só pela universidade, é pela cidade!”, afirmou a professora da Uesb, Nelma Gusmão. Ao final das discussões, os vereadores presentes se comprometeram em dar continuidade ao debate.  Concordaram ainda com as indicações do plenário da necessidade de realizar uma sessão especial sobre a Uesb para que seja possível tirar encaminhamentos mais concretos para superação dos problemas orçamentários da universidade.