Mulheres marcham contra a reforma da previdência no 8 de março

Trabalhadoras do campo e da cidade ocuparam as ruas nesta sexta-feira (8) para denunciar o machismo e os retrocessos da reforma da previdência. Em Vitória da Conquista, a III Marcha das Mulheres além de dialogar com a população sobre a importância da mobilização em defesa da aposentadoria, protocolou pauta unificada na Prefeitura, Câmara de Vereadores, Banco do Nordeste e INSS. Panfletagem também foi realizada em Itapetinga sobre os ataques à previdência. A Adusb construiu as atividades em unidade com sindicatos, movimentos sociais e populares.

Para a professora do Departamento de Geografia da Uesb e Diretora Sindical eleita (biênio 2019-2021), Suzane Tosta, “o dia 8 de março expressa uma luta que na verdade é cotidiana das mulheres. As mulheres que ingressam no mercado de trabalho nos postos de trabalho mais precarizados, que muitas vezes ganham menos, que têm dupla ou tripla jornada de trabalho”.

Neste sentido, o manifesto da III Marcha das Mulheres criticou a aproximação da idade de aposentadoria entre homens e mulheres presente na reforma da previdência. “Cuidamos da casa, da alimentação, dos filhos, das idosas e dos idosos, dos doentes e, em muitos lares, somos o único arrimo da família. O pesado trabalho doméstico não é pago e sequer reconhecido. Enquanto houver este brutal desnível da jornada de trabalho entre homens e mulheres, não há porque a idade da aposentadoria ser igual. Além do mais, com as reformas propostas, será quase impossível a qualquer trabalhadora ou trabalhador conseguir se aposentar”, afirma o documento.

Leia o manifesto na íntegra.

A representante do Grupo de Trabalho de Política de Classe, Étnico-raciais, Gênero e Diversidade Sexual da Adusb (GTPCEGDS) e Diretora Acadêmica eleita (biênio 2019-2021), Sandra Ramos, chamou atenção para os problemas na previdência da Bahia. “Nós, enquanto professoras nas instâncias estaduais, temos um desafio muito grande. O próprio governo de Rui Costa se antecipou à reforma previdenciária proveniente da esfera federal. Em 2018 aumentou a alíquota previdenciária de 12% para 14% e isso tem um impacto muito grande em termos salariais”, pontuou Sandra. Importante lembrar que os salários do funcionalismo público estão congelados há quatro anos e as perdas já chegam a quase 30%.

Dentre os pontos da pauta de reivindicações protocolada pela III Marcha das Mulheres estão o posicionamento dos Poderes Legislativo e Executivo contra a reforma da previdência e pela revogação da reforma trabalhista; implementação de uma política municipal de combate ao assédio moral e sexual; fortalecimento da rede municipal de ensino na zona rural e reestruturação curricular; dentre outras questões ligadas à saúde e ao combate à violência contra as mulheres. Uma reunião para discussão do documento com o Poder Público foi solicitada pelo movimento para o dia 13 de março na Câmara Municipal de Vereadores.

8M em Itapetinga

Adusb, Frente Democrática Itapetinga em Ação, sindicatos e movimentos sociais realizaram panfletagem na Alameda Rui Barbosa. “Foi uma manhã interessante, onde a gente pôde se reunir e chegar junto à população, à sociedade esclarecendo algumas questões relativas ao feminicídio e os impactos da reforma da previdência sobre a vida das mulheres trabalhadoras”, conta Patrícia Cara, membro do GTPCEGDS e Secretária Regional eleita (biênio 2019-2021).

Patrícia considerou a atividade como positiva, pois também permitiu “sentir a receptividade da comunidade daqui de Itapetinga, das mulheres, do acolhimento quando a gente parabenizava pelo dia de hoje, ao mesmo tempo em que chamava atenção para a nossa luta e o quando ainda estamos distantes a igualdade de gênero. As mulheres se sentiam acolhidas, abraçadas, agradeciam e acharam interessante essa aproximação”. O momento também foi utilizado para iniciar articulação para construção de outras atividades de mobilização na cidade contra a reforma da previdência.